Os
candidatos ao governo e Senado no Piauí, o atual governador Zé Filho (PMDB) e o
ex-gestor Wilson Martins (PSB), foram denunciados esta semana pelo Ministério
Público Eleitoral (MPE) por caixa dois. De acordo com o procurador regional
eleitoral no Piauí, Kelston Lages, a investigação da Polícia Federal comprovou
que os políticos utilizaram de um esquema financeiro paralelo de R$ 3,5 milhões
para pagar contas da campanha de 2010. Caso sejam eleitos e condenados eles
poderão perder os mandatos.
Zé Filho e Wilson Martins foram denunciados por esquema de lavagem
de dinheiro
Segundo o MPE, um esquema de lavagem de dinheiro foi montado
com a Fundação Francisca Clarinda Lopes que atuou como uma espécie de operadora
financeira paralela na campanha de Wilson Martins e Zé Filho. Mais de R$ 3
milhões foram injetados nas contas da instituição e desses recursos, R$
1.572.417,64 não há identificação de origem e destino.
A investigação comprovou que a fraude acontecia da seguinte
forma: a fundação pagava diretamente despesas de campanha do Wilson e Zé Filho
com dinheiro de origem não identificada e os candidatos lançavam nas prestações
de contas oficiais notas fiscais e outros documentos como recibo de doação de
mão de obra em data posterior ao serviço e às vezes sem especificar a
atividade. Para dar ar de legalidade a pratica, firmaram acordo com a
instituição para prestação de serviços de campanha sem que constasse o valor do
referido contrato.
Para o procurador, o caso voltou à tona porque somente agora
o MPE conseguiu junto ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí
(TRE) entrar com um mandado de segurança para que a cópia do processo fosse
devolvida e julgado no estado. "Este caso não tem coincidência com período
eleitoral atual. O processo estava há um ano parado no Tribunal Superior
Eleitoral, em virtude de manobra jurídica dos advogados dos réus que entraram
com nove recursos para que o julgamento fosse adiado. A última estratégia
utilizada foi a desistência do PSDB de continuar com a representação que o
próprio partido formulou, fato que nos levou a assumir o caso", explicou.
Procurador Kelston Lages falou sobre denúncias contra os
candidatos (Foto: Catarina Costa / G1)
Kelston Lages revelou que aguarda somente resposta do juiz
para agendar o julgamento do processo no TRE-PI e caso os candidatos sejam
condenados haverá perca dos mandatos, inexigibilidade e multa. "A ação foi
proposta contra o governador Wilson Martins e seu vice, Zé Filho. A chapa é
única, quem tem mandato pode perder. Caso eles sejam eleitos devem dar posse ao
segundo colocado", destacou o procurador.
O representando do MPE no Piauí lembrou que além de caixa
dois, Wilson Martins e Zé Filho respondem por outra ação civil eleitoral de
compra de voto. Além da responsabilização criminal, o candidato ao Senado
responde por corrupção eleitoral, falsidade ideológica para fins eleitorais e
formação de quadrilha.
"São fatos gravíssimos e a lei eleitoral permite ajuizar
várias ações. O caso que gerou maior número de denúncias foi da prisão em flagrante
de funcionários do comitê com recibos de pagamentos e lista de nomes no dia das
eleições de 2010, o que ficou caracterizado como crime de corrupção eleitoral e
abuso de poder econômico", revelou Kelston Lages.
O G1 entrou em
contato com a assessoria do candidato ao Senado Wilson Martins, que informou
aguardar análise dos advogados do partido sobre o processo para depois divulgar
a posição do ex-governador. Já Zé Filho disse aguardar a ação e que a defesa já
foi feita.
Fonte: G1-PI